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A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Qua | 15.03.17

Podes tratar-me por tu...

P.A

Caríssimos,

 

Hoje vou contar-vos uma história.

Desde criança que sempre tratei as pessoas mais velhas por você. Foi um tique que ficou mesmo colado na alma. Quando dou por mim, já tratei a outra pessoa por você. Culpa de quem? Da minha avó, claro.

Graças a ela desenvolvi esta forma de racismo etário.

O meu inconsciente aplicava automaticamente o filtro certo e quando dava início às cordas vocais, já a conjugação do verbo vinha de acordo com a análise etária prévia.

Nem precisava de pensar.

Em criança tudo bem, era tudo mais velho do que eu. Passava bem.

Era um pirralho irritante mas ao menos conjugava os verbos de forma educada.

Uma espécie de "Ide passear, oh filho de uma meretriz" - Pode irritar na mesma, mas como tem alguma educação, as pessoas aceitam melhor.

 

Há uns anitos atrás, fui a um jantar.

Desse jantar de 20 pessoas, conhecia apenas 3 e como falhei redondamente a pontualidade nesse dia, fiquei a jantar num anexo de uma mesa de pessoas desconhecidas. Bem feita, diga-se.

Conclusão? Há que quebrar o gelo.

São nestes momentos em que jogamos no desconhecido que ligamos o nosso piloto automático.

Agora vejam bem onde isso me levou.

Das 5 pessoas que habitavam na mesa da qual eu era anexo, 3 eram raparigas. Uma delas estava grávida.

Começo a falar com uma, ela facilita, trata-me por tu. Resolvido.

Junta-se a segunda à conversa - tu. Resolvido

Brinde, rapazes, malta - tu e tu. Resolvido

Faltava a rapariga grávida...

 

Bom vamos lá!

 

Começo a falar e não é que a porcaria do filtro me fez dizer um você!

"Podes-me tratar por tu" - responde ela.

Obrigado avó - penso.

5 segundos depois volto a tratar por você. Estava indignado comigo mesmo!

Então a rapariga por estar grávida, por estar na iminência de vir a ser mãe, activa-me assim o filtro? Que magia é esta que penso as coisas de uma forma, mas quando as digo sai doutra? Ai avó avó que punhas tu na Cerelac...

Resolvo então lutar contra mim mesmo e expor o problema abertamente.

A rapariga grávida ri-se e percebe o meu dilema!

Ufa até correu bem isto! Penso eu.

Só que a seguir faz-me a seguinte pergunta:

"Nasceste mesmo em que ano P.A?"

Respondo prontamente com ar jovial!

Ao que recebo de volta:

 

"Sou um ano mais nova que tu..."

 

Curei-me avó.(<-- cliquem!)

 

P.A.

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