Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Qua | 13.12.17

Palavras Cruzadas // O meu sonho mais recente

P.A

Quem se lembra de um sonho seu recente?

Algo que até o tenha feito reflectir na sua vida? Ou revisitado algum trauma ou até identificado algo novo?

Algo que o tenha deixado a pensar no assunto naquele dia? Ou pelo menos mais do que aqueles 5/7 minutos logo a seguir ao acordar, antes que o o chico-esperto do porteiro do nosso cérebro, se aperceba que fez porcaria e não era suposto ter deixado aquela porta aberta com aquela memória ali à mostra.

 

Eu não sou muito de sonhar. Até gostava. Mas não mando nisto. Ou então sofro de algum tipo de demência da soneca que me impede de recordar.

Para saber o que sonhei, ou acordo a suar alguidares e com o coração a tambores de carnaval brasileiro, ou então com um grande sorriso nos lábios. Daqueles mesmo estúpidos.

Nesta segunda hipótese nem sei grandes detalhes, mas o sorriso sugere-me algo de bom.

 

Pode dizer-se que tenho uma espécie de vida dupla. Em que durante o dia sou um humano normal, consciente dos seus actos, atento e que grava o que se passa em seu redor. Mas depois, à noite, torno-me num verdadeiro Batman dos lençóis.

Só que com alzheimer.

 

De modo geral, só quando a minha longa metragem sonolenta descamba e me obriga a fazer eject de emergência para a vida real, seja por mau argumento, risco de vida, ou acting à morangos com açúcar, é que me recordo de alguma coisa.

 

É um desses casos que agora vos conto:

 

Tudo começa no 31º andar de um arranha-céus. De lá consigo ver toda a cidade. As paredes são internas, para fora tudo é vidro.

O sol está a por-se. De repente surgem algumas aves em fuga, desorganizadas e em pânico. Algumas na ânsia da fuga batem contra as janelas do meu andar. O número de aves aumenta drasticamente assim com o barulho dos impactos. Eu assisto a tudo do meu quarto sem perceber o que se está a passar. Olho para baixo e não vejo as ruas, nem as estradas daquela altura.

O barulho termina finalmente. Continuo sem perceber.

Olho de novo em frente e, de repente, um estranho reflexo surge no horizonte. O pôr do sol reflecte em algo que vem na minha direcção e que se desloca rapidamente. Não valorizo. Provavelmente é algum aparelho ou sinal de luz.

Volto a olhar uns instantes depois e agora bem mais perto percebo fico perplexo, não quero acreditar!

Aquele reflexo estranho é a crista de uma onda gigante! E vem na minha direcção.

Um tsunami ao pôr do sol. Que romântico.

A onda aproxima-se a grande velocidade e apercebo-me que é maior do que o arranha-céus onde estou. Fico paralisado com a dimensão. Não há como escapar. É o fim!

O tsunami chega. Sinto o impacto. Fecho os olhos. Preparo-me para o pior.

Felizmente a crista da onda passou por cima e por isso neste momento o meu andar continua intacto, apenas totalmente submerso. É como se tivesse agora um aquário em cada janela.

Só que ali quem está no ambiente fechado sou eu. E lá fora está água.  

Sinto-me um peixe humano num aquário de ar.

Aproximo-me das janelas. Aprecio por breves momentos o esplendor daquela imagem. Toco no vidro e noto umas pequenas fissuras. O meu dedo está molhado.

Uma gota de água cai no meu pé - Percebo o que significa aquela gota. Aquela simples gota.

 

A fissura aumenta lentamente como se estivesse a brincar comigo. Como se uma falsa esperança me quisesse dar. Uma ali, outra aqui, aos poucos vão se propagando por todas as janelas do andar. Muito lentamente e sem nunca se partirem.

A espera é terrível.

  

De repente um estrondo de vidro estilhaçado. Água na minha direcção! Muita água!

 

Fiz eject para a vida real.

Voltei com o coração a sambar e encharcado como se um tsunami de suor me tivesse realmente apanhado.

 

E sim, tenho fobia aquática. Não fica difícil de perceber.

 

Agora o que eu não sabia é que enquanto eu estou descansado a dormir o meu cérebro se torna num psicopata descontrolado que elabora, por prazer, planos perfeitos de tortura de fazer inveja a muito filme de terror. 

 

P.A

___________________

Este foi o segundo post da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando um aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Onde vocês também podem sugerir temas. A Rita desafiou-me a escrever algo inspirado num sonho recente que tenhas tido e podem ver também como ela respondeu a este desafio no blog dela.

Rita para o próximo texto da rubrica quero ver como te vais safar a falar da problemática da/o namorada/o que adormece sempre a ver filmes com o/a companheiro/a! E se possível com soluções sff.

Dava-me jeito...

 

9 comentários

Comentar post