Oh não... Não entrei na primeira opção!
A publicação dos resultados do acesso ao Ensino Superior, que ocorreu este fim de semana, é sem dúvida alguma um momento marcante na vida de quem concorre.
Ainda hoje me lembro perfeitamente da angústia que foi quando me telefonam para casa a dizer: "Já saíram! Vai ver!"
Nesse momento, na minha mente, só via a folha com que concorri:
1 - Ciências Farmacêuticas
2 - Engenharia Informática
3 - Economia
4 - Gestão
5 - Psicologia
(Não, não foi aleatório. Sou é a favor da poligamia académica)
Desliguei o telefone, corri para o computador, entrei no site e passados 20 minutos de constantes refresh's e suores frios, consegui finalmente entrar. Escrevi o meu nome e o resultado foi:
Entrei na segunda opção.
Acabou a angústia. Entrou o choque. Desapareceu o sonho da primeira opção e começou o pânico do desconhecido.
Por duas décimas, quis a minha burrice que não fosse farmacêutico. A mão divina do "não saber estudar o suficiente" apontou-me noutra direcção: fui para Informática.
É oficial: Vou ser o geek nos jantares do secundário.
Toda aquela imagem de mim de bata branca, todas aquelas falas com o senhor António:
"Você veja lá se desta vez não toma logo a embalagem toda. É só um comprimido de Viagra de cada vez, está bem? Não acredite sempre na sua esposa marota!"
Ou com a senhora idosa querida:
"Dona Maria então como vai? Está com melhor cara! O que a traz cá hoje? A sua filha tem passado bem?"
Ou até aquele tímido rapaz que pede preservativos.
"Preservativos? Não tenhas vergonha meu rapaz! Estás a proteger-te a ti e ao teu par! Claro que tenho! Queres quais? Estes? Ou estes?" - Entre outras perguntas, apenas para prolongar o sofrimento do adolescente. Sempre em alta voz. (Sim iria ser aquele farmacêutico...)
Tudo isto se tinha evaporado do meu destino. Sobrava-me o desconhecido e o até agora inimaginado "gajo dos computadores".
Até o reconhecido harém de estudantes femininas de Ciências Farmacêuticas me fora retirado! Não só me arrancaram a hipótese de ingressar em tal clube privilegiado, como, só para fazer pirraça, aterrei mesmo em cheio na sua maior antítese: Engenharia Informática.
E por duas décimas apenas...
Ah que serão bem passado! Em torno de uma enorme "felicidade" convertida em lágrimas de pura "alegria"!
Estou a exagerar, afinal de contas um Engenheiro Informático não chora. Se chora, foi porque "programou" mal a coisa. É mau engenheiro portanto.
Ou pelo menos antes de chorar ainda tenta desligar e voltar a ligar primeiro. De modo geral, não chora logo, pronto.
Como já perceberam, a verdade é que eu era um piegas.
E o curso fez de mim um homem. Também não tive outra hipótese. Só tinha homens.
E hoje em dia gosto do que faço.
Rapaz, rapariga, se me estão a ler e falharam a vossa primeira hipótese, podem chorar agora, seja de alegria ou "alegria". Mas
não mandem logo a toalha ao chão! Não sejam piegas que não vale a pena! Se puderem, vão lá ver como é. Até podem vir a gostar, como eu.
Afinal de contas foram vocês que escolheram as vossas hipóteses, algum interesse ou sinal divino foi, por mais escondido que esteja.
E digo isto sem qualquer tipo de mágoa por não ter sido o Gladiador no harém de Farmácia! Já nem penso nisso todos os dias!
Muito melhor fazer directas só com rapazes a programar! Estou totalmente resolvido!
P.A