O meu horóscopo é melhor que o teu
Hoje não era para escrever.
Mas como algures no mundo existe um qualquer horóscopo que diz explicitamente "Sagitário - escreva hoje e será recompensado", cá estou eu mais uma vez.
Primeiro deixem-me explicar que eu sou daqueles que não acredita no horóscopo.
Mas também sou daqueles que o lê sempre que pode. Verdade.
Se disser bem sobre os Sagitários, registo e fico contente. Não acredito na mesma, mas fico contente.
Se disser mal, ignoro e chamo um nome feio à Maya.
E também fico contente por isso.
Mas de modo geral, esta segunda nunca acontece. Não sei se já repararam mas no dito discurso horoscópico existe sempre um relativo cuidado para não magoar sentimentos do seu leitor. É que os astros podem ser muito brutos por vezes e cabe a estes profissionais da astrologia saber como dar a má notícia.
Por exemplo, imaginem a frase "os astros dizem que você vai morrer hoje". Cria choque claro. É rude e causa transtorno na vida de quem lê. Em horóscopez teria de ser algo como:
"Dia mais curto que o habitual. Aproveite, pois hoje estará rodeado de sorte. Pelo menos até às 15:30".
O horóscopo é a ciência que acredita que os astros e o seu samba de órbitas universal nos podem dizer que hoje, e só hoje, o nosso número da sorte é o 3. E não o 4. Que devemos beber mais água esta semana pois os nossos rins estão cansados. Ou que é hoje que vamos conhecer a nossa cara metade. Percebe de medicina, de relações amorosas, até de numerologia. Mas curiosamente nunca nos diz a chave do Euromilhões.
A febre do horóscopo e desta "coisa" de os astros nos guiarem começou exactamente há 2018 anos atrás. Quando 3 senhores fantasiados de reis magos seguiram uma estrela e chegaram onde era suposto. Sendo os primeiros a ser orientados por um astro.
Meus amigos, se assim é, daqui a 2000 anos temos pessoal a ver o futuro no Google Maps. Ou na outra constelação, o Waze.
Horóscopo 4018/08:
Saúde: cuidado com a lomba.
Amor: saia na primeira saída.
Dinheiro: cuidado, radar a 500 metros.
Mas é preciso ter cuidado com esta arte de saber ler os astros. Não é para quem quer. Veja-se o caso do Pedro Álvares Cabral, queria ser o Vasco da Gama dos astros e chegar à Índia. Leu mal o astrolábio e foi parar ao Brasil.
Se tivesse lido bem o horóscopo ainda hoje não sabíamos o que era picanha.
(imagem)
P.A.
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Este foi o 19º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!
Este tema foi minha sugestão, vejam o que a Rita escreveu no blog dela!
Para a semana, que sugeres Rita?