Como é ir ver um jogo de Portugal
Um bom português, de sangue puro, decide às 15 horas do próprio dia que afinal, se calhar, até quer ir ver o jogo de Portugal que começa apenas 4 horas depois.
E pior, pensa que teve uma grande ideia.
Na realidade esse nem é o problema. O verdadeiro problema do bom português é que nunca há só um.
Este sábado, eu fui um bom português.
Quando cheguei ao Colombo, na esperança que ainda existissem bilhetes para venda, mal viro para o Continente, travo bruscamente contra um muro de gente. Sim. Era a fila para os bilhetes. Estavam lá os meus irmãos todos. Desde o bom português Alberto, à Maria, passando pelo pequeno Américo e acabando com último da fila: Eu.
A primeira coisa que pensei é que mesmo que ainda existam bilhetes quando chegar a minha vez, de certeza que serão para lugares onde já não dará para ver o João Moutinho. Mas que poderia fazer agora? Quando entretanto já tinha mais 20 irmãos atrás?
Fiquei.
Quem adorou a situação foram os elementos femininos que me acompanhavam, dos quais destaco a menina que apanhou o bouquet que prontamente se voluntariou juntamente com a irmã a ficar na fila. Mas não comigo claro.
Falo das filas da Zara, Primark, Bershka e mais não digo que já estou com tonturas.
Resumindo, um dia de sonho para elas. Pena aquele detalhe chato de terem de ir ver bola.
E eu?
Fiquei, claro. Antes ali!
Mas e quem estava a trabalhar no meio da confusão?
Para as empregadas do apoio ao cliente do Continente foi um dia normal. Triste, mas normal.
Habituadas a atender milhares de pessoas por dia estão elas, o problema é que estava toda a gente alegre, em festa e nem um ferro de engomar ou torradeira foi devolvido naquele dia. Confesso que me tocou. Notava-se que estavam em baixo, implorando por um berro, uma expressão menos simpática, um ligeiro murro na mesa, algo que as animasse, mas em vão. O bom português nestas coisas porta-se bem. Nem o pequeno Américo chorou.
Chegou a minha vez.
Confirma-se, não vou ver o João Moutinho.
(e não vi mesmo...)
P.A.