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A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Ter | 10.10.17

Coisas que aprendi ao fazer um Cruzeiro

P.A

É verdade, estive cerca de duas semanas fora do país.

Se dizem que os 30 são os novos 20, Setembro é o novo Agosto.

Mas tal não chegava para mim e tinha de me armar em jovem adolescente e ir fazer interRails como se ainda tivesse 18 anos.

InterRail? 

Sim é aquele nome que se dá quando visitamos diversos países e culturas num curto espaço de tempo. Uma espécie de Zezé Camarinha, só que de comboio e com menos senhoras.

 

Na realidade o nosso foi um interRail diferente, até porque foi de barco.

"O quê? Um cruzeiro afinal??" - Não, calma. Sou algum velho ou quê?

InterRail marítimo se faz favor. Não me apanham nisso dos cruzeiros. Só velhos.

 

Bom, partimos do porto de Santa Apolónia, no tal interRail marítimo, e passámos por Espanha, França, Itália e Marrocos. As descobertas dos locais ficam para outros textos.

 

Mas se há coisa que aprendi neste interRail marítimo, é que um italiano é apenas um português bem penteado.

Sempre que colocava aquele gel sedutor, as pessoas cumprimentavam-me com "Buon giorno" de sorriso aberto, de resto era o "Bom dia", a despachar.

Gastei 5 embalagens.

 

Sabem aquelas adivinhas: "O que fazem um Português, um Alemão, um Italiano e um Espanhol fechados num elevador/sala/qualquer outro cenário"? Pois bem, descobri a verdadeira resposta: Estão num cruzeiro.

 

Passei também a acreditar na paz no mundo. Não é utopia, acreditem em mim, vi pela primeira vez uma alemã a chorar.

 

Descobri também que existe algo bem pior para elas do que sofás a ver um filme com o namorado: o embalo marítimo. Não falha.

Além disso, assistir a um espectáculo no teatro, a bordo, é como ver uma novela da TVI, só que neste caso os 15 minutos iniciais de publicidade são 15 minutos de tradução em todas as línguas. Os portugueses aqui, já estavam treinados, nem estranharam muito a demora.

Por falar em tradutores, conheci também o primeiro alemão fanhoso. Verdade, existem. Até podemos fazer um jogo. Conseguem imaginar quantas partículas de saliva aquele senhor soltava ao dizer fünf

Os meus óculos de sol decidem o vencedor.

 

Em excursões, perdão, eu não faço isso, queria dizer deslocações loucas de jovens, tínhamos uma italiana sexy a falar inglês, um alemão fanhoso (o tal) a falar italiano e um espanhol garanhão a falar francês. Ora pergunto eu agora, porquê as trocas meus senhores? Será que gostam do desafio? Acham afrodisíaco o sotaque? A italiana sexy ainda passa, mas conseguem imaginar o que é um alemão fanhoso a falar italiano?

Por esta ordem de ideias o português mais qualificado teria de ser russo e filho de pais africanos.

 

O navio, esse, é uma pequena cidade, uma espécie de arca de Noé, só que com mais girafas. Apanhámos muitas alemãs.

Tem teatro, casino, bar de desportos, restaurantes, bares, piscinas, jacuzzis, SPA, ginásio, matraquilhos, ping pong, cinema 4D, bowling, lojas para as meninas e para os meninos e um staff impecável, para não falar do quarto com varanda. Tudo isto junto faz com que penses constantemente: "Ainda bem que existe aquecimento global. Morte aos Icebergs! Cretinos!"

 

E a comida? 

Bom, estar num cruzeiro é como ir a 10 casamentos. Eu, que a última vez que engordei um quilo tinha sido ainda em escudos, posso afirmar hoje, convictamente, que descobri a receita para engordar aquele quilinho extra que nunca tinha tido e tudo isto em apenas 10 dias. Vou chamar-lhe a receita do Buffet aberto 20 horas por dia.

 

O cruzeiro acabou também por ser óptimo para o blog. Embora me tenha afastado daqui nas últimas duas semanas, foi por um bom propósito. Consegui convencer mais 4 pessoas. Sim, quadrupliquei os leitores. Férias perfeitas!

 

Conhecemos 2 casais portugueses que ficaram na nossa mesa de jantar todas as noites e que pelo menos uma vez, vieram cá ler o que se passava. Só por isso, são já boas pessoas. Espero ter-vos enganado bem.

 

Descobri também algo inesperado. Logo eu que tenho relativa fobia à água, atingi nestas férias o pico da minha angústia, reparem bem: cheguei a estar dentro de uma piscina, dentro de um navio rodeado por um pleno oceano atlântico e mesmo assim gostei. Ao ponto de ao longo deste texto deixar de me referir a isto como um "interRail marítimo" e assumir finalmente o "cruzeiro". Se há coragem para isto, imaginem como terá sido. Ou então sou apenas um velho acabado de sair do armário.

 

Mas continuem a dizer que é para velhos, continuem.

 

Essa foi a verdadeira lição que retirei destas férias, os nossos avós, esses sim, sabem-na toda.

 

Venham-me agora oferecer chocolates de mansinho que eu vos digo.

 

 

(imagem)

P.A

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