As Pontes e os Santos Populares
A espera acabou. Chegou oficialmente a melhor semana do ano para os Lisboetas.
Desta vez houve forte concorrência, um tal de Salvador Sobral, um líder espiritual e uma lambreta de um certo Eliseu uniram-se para tentar mudar a preferência do Lisboeta. Mas o feriado móvel do Corpo de Cristo, devolveu a vitória semanal, já em prolongamento, à semana do costume.
Afinal de contas, o português gosta mais de 2 pontes na mão do que 2 troféus e 2 beatificações em Portugal.
Mas esta semana não se fica por aqui. Além deste marketing agressivo de engenharia não-laboral, ainda oferece uma espécie de queima das fitas intergeracional. Falo-vos, claro, dos Santos Populares.
Temos desfile, temos cerveja e temos mixórdia. A diferença é que podemos encontrar a nossa avó lá.
Pois.
Mas não se preocupem. Normalmente a coisa até corre bem. Existem zonas geracionais e até estamos naturalmente programados para que corra tudo bem, ora vejam:
Os mais seniores levam a sua cadeirinha e vão apenas para comer descansadamente a sua sardinha e assistir ao desfile das marchas lisboetas. Mas sempre com aquela esperança de poderem ver finalmente o Malato ao vivo.
Os mais novos, aproveitam a desculpa para saírem de casa com os pais, sempre muito bem comportados e donos de grande amor pelos progenitores, exclamando uma ou duas vezes frases como: "Adoro jantares familiares destes papá!". No entanto, na primeira oportunidade, desaparecem "porque o Tó disse para ir ali ter com ele" para poderem saber pela primeira vez como é afinal esse famoso Bairro Alto que os mais velhos tanto falam.
E os semi-cotas, pré-seniores e ex-adolescentes, que andam ali pelo meio?
Tirando os solteiros que descobriram o Tinder e desesperam de braço no ar por rede, os restantes vão aproveitando o tempo que lhes resta no meio da multidão antes de começarem a sentir que aquela zona já não é para eles.
É que a idade é o inverso do Malato.
Com o tempo, pesa mais.
(imagem)
P.A
P.S - Eu falo por mim. Por vergonha, não levo o banquinho.