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A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

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Sex | 23.06.17

A Parrachita

P.A

As histórias religiosas mais remotas remetem apenas para a presença de uma folha de parra, parrachita vá, como a primeira invenção de vestuário da humanidade.

No fundo, sejamos honestos, a folha nem teve assim tanto mérito, era simplesmente a que estava ali mais à mão e a que se ajustava melhor ao nosso corpinho [frase mais tarde utilizada em publicidade de produtos de intimidade feminina]. A parrachita servia então para tapar as vergonhas médio-fraquinhas de Adão e no caso de Eva, reservá-la dos olhares mais marotos do único homem que lhe puseram à frente para amar. O Tinder ainda não tinha a modalidade paga, uma vez que só existiam dois perfis e o Wi-fi era fraco porque o router tinha ficado no paraíso. E dali ainda dava, mas mal. Vá lá que ninguém mudou a pass.

 

Outro aspecto que pode chocar é que nesta altura não existia qualquer tipo de necessidade em tirar selfies. Não por não existir ainda essa tecnologia, mas sim porque não teriam a quem enviar. Embora até sentisse essa necessidade de se exprimir por ser o melhor homem do mundo, Adão, não via qualquer utilidade na selfie, nem em posts no Instagram acompanhados de hashtags como #AdaoTheFirstManOnTheWorld, #HatersGonnaHate ou #YesItsAParrachita. Aliás, muito do sucesso da parrachita nesses tempos advém claramente da ausência das tecnologias da informação. Sem meios de divulgação e sem críticos de moda, a parrachita lá foi aproveitando para conquistar o seu espaço no meio.

 

Mas não foi tudo um mar de parrachitas para estes dois. Nada disso, Adão e Eva ainda tiveram os seus problemas como qualquer casal normal e tentaram, também como muitos, mudar de ares para ver se lhes devolvia aquela chama inicial ou se o sinal do wi-fi melhorava. Mas a verdade é que Adão nunca engoliu bem aquela maçã.

De qualquer forma não há amor como a primeira parrachita e acabaram mesmo por juntar os trapos - expressão que usamos hoje também por culpa da parrachita. [trapo é uma parrachita velha, normalmente já amarelada, do uso ou do Outono]

O não ser possível trair, nem existirem ainda tampos da sanita para baixar, ajudou ao final feliz deste primeiro casal.

 

O que é certo é que o impacto da parrachita foi de tal forma marcante que ainda hoje podemos ver derivados de parrachita no mundo da moda, particularmente nas diferentes colecções de Fátima Lopes. Nada mais, apenas pequenos pedaços de parrachita, trabalhados genialmente pela Fátima por forma a cobrir a menor área possível de pele feminina. Mas sempre com a ressalva da patente [por royalties] criada por Adão para a sua parrachita: "Tem de cobrir sempre as vergonhas".

 

Além disso temos também Maria Vieira, que exactamente pelo seu tamanho de parra [não confundir com parva] e por conseguir ao vestir, transformar um top curto de Fátima Lopes num vestido comprido de gala, herdou essa mesma alcunha.

Se Maria Vieira tivesse nascido antes da folha de parra, hoje em dia teríamos imagens de Adão e a sua Maria Vieira a cobrir-lhe as vergonhas. Mas quis o destino que fosse ao contrário.

Da mesma forma que a parrachita também só proliferou na ausência de tecnologias da informação, a nossa parachita portuguesa, comprova agora que em contacto com as mesmas, sofre exactamente do mesmo mal. Sempre que se manifesta nelas, a coisa não corre bem. Mas não quero escrever sobre o Facebook, essa serpente que desafia constantemente a comer maçãs, não merece o meu tempo.

 

Uma coisa é certa, pelo constante aumento da temperatura e o encurtar de roupa que tenho assistido, creio que lá para 2045, seremos todos parrachiteiros outra vez.

 

E o Adão e a Eva a encherem os bolsos com a patente.

 

#ParrichitaAMillionDolarIdea

 

parrachita.png

 (imagem+imagem)

 

P.A

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