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A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Qua | 16.01.19

A minha vida dava um filme

P.A

Já que Janeiro é um mês pleno de filmes que não interessam a ninguém e que normalmente só servem para encher chouriços e salas de cinema até à chegada das 423 comédias românticas a estrear, todas, na semana do 14 de Fevereiro - onde todos os anos se assiste a uma romaria de casais "enamorados" à sala de cinema mais próxima, em que metade são namoradas felizes e o resto são zombies do Walking Dead, arrastados pela corda do amor - achei que valia a pena reflectir um pouco como esta sétima arte nos acompanha ao longo da vida.

 

Convém alertar que sou jovem sim, mas ao mesmo tempo um jovem cuja infância foi passada sem Internet, MEO, NOS ou muito menos Netflix, pelo que a sala de cinema era a primeira e real forma de assistirmos a um filme nos anos 90. Ou isso ou esperar que o dono do Clube de Vídeo o resolvesse encomendar.

 

Por isso não é de estranhar que a minha primeira vez cinematográfica tenha sido há 26 anos atrás, na estreia de "O Rei Leão" no cinema São Jorge, em Lisboa.

Na realidade só sei isto porque me contaram, porque levar um pirralho ao cinema é como levar o Jorge Jesus a uma aula de português, é giro e tal, tem uns bonecos, mas no final ele não vai perceber nada daquilo.

 

Hoje em dia, as coisas mudaram e a primeira experiência cinematográfica do ser humano chama-se Baby TV.

 

Depois desta fase de cinema parental, em que os pais assumem que tudo o que é filme de bonecada é desculpa para levar os filhos ao cinema, chegamos à segunda fase cinematográfica da nossa vida: O cinema na adolescência.

 

Este é o cinema mais multifacetado da nossa existência, primeiro porque descobrimos que afinal não existem só filmes da Disney e depois que uma sala escura com bancos e com desconto de estudante, pode ser visto como um ninho de amor low cost. Com pipocas.

 

E é aqui que a magia do cinema acontece.

 

Comemos pipocas de boca bem aberta, entornamos bebida, rimos desalmadamente de tudo, seja comédia, terror ou drama, falamos alto e gozamos com os cotas que nos estão sempre a mandar calar.

Se por acaso virem um grupo de adolescentes entrar na vossa sala de cinema e durante o filme não os ouvirem mais, lamento mas não se tratam de adolescentes bem educados. São sim namorados. Low cost.

 

Depois crescemos, começamos a trabalhar, perdemos o desconto de estudante e começamos a participar em passatempos para ganhar convites duplos.

 

Entramos assim na fase do Cinema Laboral, em que 80% do cinema que vemos é em nossa casa de forma legal e "legal" e o resto são idas ao cinema de borla ou com desconto, que normalmente terminam com a frase "6 euros e 30?? Está cada vez mais caro vir ao cinema!".

Mesmo tendo ido de borla.

 

Nesta fase, além de absorvermos bem mais o enredo desta sétima arte e de estarmos no expoente máximo do nosso sentido crítico, desenvolve-se em nós toda uma nova necessidade compulsiva de mandar calar adolescentes.

 

E pronto, quando for mais velho, conto-vos o resto. Mas provavelmente a próxima fase chamar-se-á: "O cinema na terceira idade" que é como quem diz, "o sofá da minha sala".

 

Encontramo-nos numa sala de cinema por aí.

 

E já agora se forem adolescentes, calem-se. Ou namorem.

Com pipocas.

 

(imagem)

 

P.A.

 

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Este foi o 29º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi minha sugestão, vejam o que Rita escreveu no blog dela! 

 

 

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