5 Coisas que me irritam nos 30
Então como foi esse dia do pai? Contem-me lá.
Bom?
Filhos, deixem-me adivinhar o que compraram:
After-shave, perfume ou uma camisa?
Qual deles estava em promoção? Confessem lá.
Paizinhos, e vocês? Como foi poder dizer ao chefe, "Ah vou ter de sair mais cedo hoje porque tenho a festa do dia do pai na escola do meu filho? Eu nem queria...mas...".
Espero que tenha valido a pena!
É que agora mais regalias por ser pai, só para o ano. Que é mais ou menos como a frequência com que um homem casado e com filhos pequenos faz o amor com a sua esposa. E isto se eles acertarem correctamente na chave da felicidade da amada, que consiste em memorizar correctamente o dia do casamento, o dia dos namorados, o dia em que se conheceram pela primeira vez, o dia em que a pediram em casamento, o dia em que oficializaram o namoro e provavelmente devo-me estar a esquecer de alguma outra data importante, o que significa que mais depressa deve voltar o próximo dia do pai.
Pelo menos é o que se diz. Quando lá chegar depois digo-vos. Mas por via das dúvidas, vou já apontando tudo no calendário.
Mas não é do sofrimento de machos alpha casados e com filhos pequenos que vos venho falar hoje.
Venho falar-vos sim das 5 coisas que mais me irritam nos 30. Sim, sou trintão, não casado e sem filhos.
Esperto, portanto.
Ora começando da menos grave para a mais grave, temos a quinta coisa que mais me irrita nos 30.
#5: A Tantricidade da Dor
Se até aos 30, podíamos torcer um pé e um dia depois já estar a sapatear em cima da mesa de um qualquer bar no Bairro Alto, entrando nos 30 iniciamos uma viagem sem retorno pela tantricidade da dor. A moinha, como chamam os meus avós, e certamente eu daqui a uns anos. Até o simples bater de um dedo do pé numa esquina nos proporciona nesta fase da vida um prazer de dor tântrica duradouro de cerca de 15 dias de pura felicidade a cada passo.
#4: O Sofá-dependente
Embora este seja um aspecto transversal a todas as idades, o sofá da sala, assume-se nos 30 como uma espécie de super cola costas, principalmente se tivermos Netflix. Começamos por pequenas doses primeiro. Uma série ali, outra relacionada/sugerida a seguir, depois um documentário para dar um ar intelectual à coisa e por fim quando damos por ela passaram horas e nós, ali, colados naquele sofá.
#3: Os Patinhos
Se quando somos mais novos, somos regidos pela entidade paternal, maternal e principalmente a dos Patinhos no que toca à hora de toque para dormir, quando saímos da asa dos pais e vamos para a faculdade, desenvolvemos um mecanismo de anti-jetlag que nos permite sobrevoar todas as semanas académicas sem grandes mazelas ou fusos. No entanto e entrando nos 30, essa fase extingue-se e somos apresentados a uma nova entidade Paternal, o nosso chefe. E acabamos nós por nos tornar em verdadeiros patinhos.
As quintas-feiras deixam de ser lady's night e passam a ser "Amanhã trabalho, não posso ir..."
As sextas-feiras começam a ser vistas como dias de "Finalmente descanso" e não de directas a ver o nascer do sol.
E o sábado passa a ser a nossa embaixada da juventude. Onde aí sim voltamos a viver os 20, pelo menos se o número 2 não se verificar.
#2: A Problemática do senhor
Desenganem-se que não é o "Senhor", é o "senhor" apenas.
Não sei que tipo de magia se abateu sobre mim nos meus 30, ou melhor que tipo de magia abalou de mim, que as pessoas na rua passaram a dirigir-se erradamente a mim como "senhor". As mães por exemplo, para os seus filhos, na rua, passaram a incluir sempre esta ofensa e coisas como, "Deixa passar o senhor, filho" ou "Olha o senhor é tão simpático" passaram infelizmente a fazer parte da minha rotina.
>> Caras pessoas que estão a ler este texto, faço aqui um apelo à vossa boa fé, em caso de trintões utilizem por favor expressões como rapaz, rapariga, moçoilo, ou até mesmo jovem que são bastante leves e não magoam egos magrinhos como o meu.
Obrigado. <<
E finalmente chegamos à primeira, a derradeira e mais grave de todas:
#1: A Branca de Neve
Devo dizer que antes de conhecer a rapariga que apanhou o bouquet, todo o meu cabelo seguia um registo monocromático black dark sensitive plus, que é como quem diz preto, pronto.
Com o passar dos anos, pequenas palmeiras de côcos brancos resolveram brotar em abastado pasto farfalhudo, numa verdadeira homenagem à Disney e aos seus 101 Dálmatas capilares, ou se preferirem cãopilares. Sendo que poderei ser considerado neste momento, a pequenos espaços de cabelo, como um parente próximo de uma zebra. E se esta homenagem da Disney que se abateu na minha cabeça, começou nos 101 Dálmatas, temo que termine em plena Branca de Neve.
E é por isso que vos tenho de admitir aqui algo que até vos poderá chocar. Mas sim sou 100% racista neste assunto.
Brancos?
É cortá-los todos pela raíz e pô-los a arder.
P.A.
(imagem)
_____________________________
Este foi o 33º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!
Este tema foi minha sugestão, vejam o que Rita escreveu no blog dela! Rita que tens para mim para as próximas Palavras Cruzadas?