Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Qua | 30.01.19

A vida como ela é... em binário

P.A

O binário, que poderia ser o primo da França do Hilário, ou o nome que se dá à pessoa que tem dois "nários" é algo que nos acompanha todos os dias ao longo da vida.

 

Podem nunca ter ouvido falar dele, nem saber que ele anda por aí, mas sempre que escolhem dizer à vossa namorada que preferem ver o futebol a ir à Primark ou optaram por olhar, por azar, para os glúteos da vossa vizinha do quinto esquerdo quando ela por acaso, naquele mesmo instante, se inclinou para pegar nos sacos da comida, o binário estava lá. E neste último caso, acompanhado de uma grandessíssima estalada na cara.

 

O binário é uma espécie de distúrbio de personalidade comum a todos nós, em que somos invadidos por um diabinho e um anjinho que nos aconselham, uma espécie de bifurcação de caminhos pela qual temos de optar, uma balança que nos molda o carácter, mas também, e não menos importante, a medida que nos dá a probabilidade de levarmos estaladas na cara da nossa namorada.

 

Mas tal como as cartas da Maya, também o outro colosso científico nos ensina que nem sempre a vida são só Uns e Zeros, há também os Xizes a ter em conta.

Falo-vos do Totobola, claro.

 

E a maioria das pessoas não sabe disto, mas o Totobola não pode usar os 1 e 0 por culpa da patente deste primo da França do Hilário e por isso foi forçado a usar o famoso 1 X 2. - Serviço público informativo neste blog senhores e senhoras.

 

Mas se no binário os uns e os zeros são corajosos porque representam efectivamente uma escolha, os Xizes, são uns empatas, tal como no Totobola.

 

Para efeitos de análise vamos considerar então este cenário do olhar "inocente" para os glúteos da vizinha como caso de teste:


Os uns neste caso ganharam, escolheram o caminho certo, perante aquela situação, perceberam o perigo e não olharam para os glúteos da vizinha.


Os zeros, entraram bem no jogo, confiantes demais, olharam para a vizinha com olhos de ver, mas subestimaram o contra-ataque do adversário e acabaram por perder, não só o jogo, mas também a sensibilidade temporária de uma das faces.


Os Xizes, esses, perante a inclinação da vizinha olharam por um instante, mas logo de seguida desviaram o olhar para a namorada que já se preparava para puxar o braço atrás. A namorada ficou desconfiada, mas não o suficiente para efectivar o cumprimento facial a 5 dedos.


No fim, nem viu glúteos, nem ficou bem visto. Confirma-se. Um empata.


Por isso e sabendo que nem sempre a vida é binária e que normalmente a verdadeira dama de paus de glúteos bem definidos é afinal a vizinha do primeiro andar e não a do quinto, pensem bem antes de se tornarem uns ou zeros.


Mas por favor... não sejam empatas.


Ah e cumprimentos ao Hilário.

 

(imagem)

 

P.A

 _____________________________ 

Este foi o 30º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi sugestão da Rita, vejam o que ela escreveu no blog dela!

Para dia 20 de Fevereiro, uma vez que passa uma semana do dia dos namorados, que tal falarmos do pós dia dos namorados? E como os casais se comportam nestas alturas.
 

Qua | 16.01.19

A minha vida dava um filme

P.A

Já que Janeiro é um mês pleno de filmes que não interessam a ninguém e que normalmente só servem para encher chouriços e salas de cinema até à chegada das 423 comédias românticas a estrear, todas, na semana do 14 de Fevereiro - onde todos os anos se assiste a uma romaria de casais "enamorados" à sala de cinema mais próxima, em que metade são namoradas felizes e o resto são zombies do Walking Dead, arrastados pela corda do amor - achei que valia a pena reflectir um pouco como esta sétima arte nos acompanha ao longo da vida.

 

Convém alertar que sou jovem sim, mas ao mesmo tempo um jovem cuja infância foi passada sem Internet, MEO, NOS ou muito menos Netflix, pelo que a sala de cinema era a primeira e real forma de assistirmos a um filme nos anos 90. Ou isso ou esperar que o dono do Clube de Vídeo o resolvesse encomendar.

 

Por isso não é de estranhar que a minha primeira vez cinematográfica tenha sido há 26 anos atrás, na estreia de "O Rei Leão" no cinema São Jorge, em Lisboa.

Na realidade só sei isto porque me contaram, porque levar um pirralho ao cinema é como levar o Jorge Jesus a uma aula de português, é giro e tal, tem uns bonecos, mas no final ele não vai perceber nada daquilo.

 

Hoje em dia, as coisas mudaram e a primeira experiência cinematográfica do ser humano chama-se Baby TV.

 

Depois desta fase de cinema parental, em que os pais assumem que tudo o que é filme de bonecada é desculpa para levar os filhos ao cinema, chegamos à segunda fase cinematográfica da nossa vida: O cinema na adolescência.

 

Este é o cinema mais multifacetado da nossa existência, primeiro porque descobrimos que afinal não existem só filmes da Disney e depois que uma sala escura com bancos e com desconto de estudante, pode ser visto como um ninho de amor low cost. Com pipocas.

 

E é aqui que a magia do cinema acontece.

 

Comemos pipocas de boca bem aberta, entornamos bebida, rimos desalmadamente de tudo, seja comédia, terror ou drama, falamos alto e gozamos com os cotas que nos estão sempre a mandar calar.

Se por acaso virem um grupo de adolescentes entrar na vossa sala de cinema e durante o filme não os ouvirem mais, lamento mas não se tratam de adolescentes bem educados. São sim namorados. Low cost.

 

Depois crescemos, começamos a trabalhar, perdemos o desconto de estudante e começamos a participar em passatempos para ganhar convites duplos.

 

Entramos assim na fase do Cinema Laboral, em que 80% do cinema que vemos é em nossa casa de forma legal e "legal" e o resto são idas ao cinema de borla ou com desconto, que normalmente terminam com a frase "6 euros e 30?? Está cada vez mais caro vir ao cinema!".

Mesmo tendo ido de borla.

 

Nesta fase, além de absorvermos bem mais o enredo desta sétima arte e de estarmos no expoente máximo do nosso sentido crítico, desenvolve-se em nós toda uma nova necessidade compulsiva de mandar calar adolescentes.

 

E pronto, quando for mais velho, conto-vos o resto. Mas provavelmente a próxima fase chamar-se-á: "O cinema na terceira idade" que é como quem diz, "o sofá da minha sala".

 

Encontramo-nos numa sala de cinema por aí.

 

E já agora se forem adolescentes, calem-se. Ou namorem.

Com pipocas.

 

(imagem)

 

P.A.

 

 _____________________________ 

Este foi o 29º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi minha sugestão, vejam o que Rita escreveu no blog dela! 

 

 

Qua | 02.01.19

Se eu soubesse o que sei hoje...

P.A

Se eu soubesse o que sei hoje, tinha simulado um ataque intestinal agudo naquele fatídico dia em que a minha namorada respondeu ao chamamento das solteironas a que chamam lançamento do bouquet. É que depois acabei por ter mesmo um ataque, mal a vi a apanhar o ramo. E mal por mal, sempre preferia o ataque a fingir. Por arrasto até se evitava este blog e eu estaria agora a dormir e não a escrever este texto só para a minha avó ler.

 

Ao longo da nossa vida muitos são os "Se eu soubesse..." na nossa cabeça, essas perguntas que por momentos nos permitem ser uma espécie de justiceiro do tempo que volta atrás para alterar alguns pontos do nosso passado e imaginar que caminho seria o nosso se tivéssemos escolhido direita e não esquerda naquela esquina do Técnico, naquela sexta-feira à noite e nos cruzado com a Mafalda?

 

O João, um grande amigo meu, escolheu direita nesse dia.

 

A Mafalda tinha herpes.

 

Por isso, graças a exemplos como o do João nem sempre os nossos "Se eu soubesse..." nos levam para caminhos sem herpes. E quando pensamos nisso, ficamos satisfeitos com a nossa escolha passada que afinal até foi bem melhor e alegramo-nos por não saber para que serve o Zovirax.

No entanto a Maria, a actual namorada do João, mesmo sem nunca ter escolhido conhecer a Mafalda, passou a ter de o comprar também.

 

Na realidade o problema é o tempo. Passa demasiado depressa. Tão depressa que nos perdemos neste labirinto a que chamam de destino, ou sina, em que vamos saltando de decisão em decisão, escolhendo os nossos caminhos de forma tão automática, por vezes, que só depois de tomada é que temos realmente a noção se foi a melhor opção ou não.

Como por exemplo quando acordamos depois de uma passagem de ano bem regada e damos conta que passámos a noite com o/a Shrek.

 

O arrependimento toma conta de nós e soltamos algo como:

"Se eu soubesse o que sei hoje, não tinha bebido aquele último copo..."

 

A verdade é que todos nós somos uma colectânea de decisões prévias, uma construção de lego de caminhos que forma o nosso presente e nos abre novos caminhos e decisões para o futuro.

 

Mas às vezes dava mesmo jeito voltar atrás e alterar aqueles números do Euromilhões sabendo a chave que sei hoje.

 

Se gostavam de poder fazer isto acham piada a este conceito, então podem praticá-lo vezes sem conta no novo filme da Netflix, "Bandersnatch" em que somos nós quem decide o rumo da história em algumas das suas decisões em tempo real durante o filme. E adivinhem, podem sempre voltar atrás sabendo o que sabem hoje e verem o que acontece depois.


São 13 finais diferentes para descobrir.

 

E cuidado com a Mafalda.

 

(imagem)

 _____________________________ 

Este foi o 28º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi sugestão da Rita, vejam o que ela escreveu no blog dela! 

Para o próximo desafio, proponho escrever sobre o Cinema ao longo da nossa vida

 

P.A