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A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

A minha namorada apanhou o bouquet

Um local de paz e reflexão, mesmo tendo ela apanhado o bouquet.

Qua | 26.09.18

O primeiro beijo (com dicas)

P.A

O primeiro beijo é como a nossa primeira declaração do IRS, existe um grande fascínio à volta, porque todos os adultos o fazem e falam sobre isso, mas depois na hora ou não sabemos preencher bem a coisa ou recebemos bem menos do que estávamos à espera. E aquilo que antes era um fascínio, passa a ser uma obrigação fiscal que, para alguns casais, passa a ser igualmente anual.

 

Mas a verdade é que nunca mais nos esquecemos do primeiro.

 

O meu foi no infantário. Sim precoce. Mas sem mérito algum da minha parte.

Tudo porque no meu infantário, uma colega, essa sim precoce, que por sinal usava e abusava de batom vermelho nos seus jovens lábios, todos os dias me presenteava com dois beijos de "olá" e todos os dias eu fazia exactamente a mesma cara de busto do Cristiano Ronaldo e limpava aflito a cara daquela substância vermelha que me fazia cócegas na bochecha.

Ela, vendo a minha reação, começou a repetir cada vez mais, até que eu, rapaz jovem, desenvolvi uma das primeiras marcas de macho alpha, enchi-me de coragem e comecei...a fugir dela.

 

Como corria. Corajosamente.

Como fugia. Corajosamente.

Como me escondia. Corajosamente.

 

Um verdadeiro Don Juan, só que escondido atrás do pilar.

Ao longe. 

 

Infelizmente esta minha atitude teve o efeito oposto. E os ataques continuaram a aumentar.

Até que um dia, baixei as defesas ao entrar numa sala, e de imediato, sinto alguém a segurar-me no colarinho do meu bibe xadrez vermelho e branco e a encostar-me bruscamente à parede. Sinto o impacto nas costas e quando olho em frente já só deslumbro dois lábios esticados esborratadamente vermelhos da minha direcção.

Era tarde demais.

Fui beijado.

Beijado. E beijado... e beijado outra vez.

Foi o meu primeiro mas também o meu 39º beijo nesse dia.

 

Nem todos nós temos a sorte de ser José Malhoas da vida romântica.

Onde basta ir a um baile de verão e é logo beija beija, atrás da Igreja.

Aqui nem o padre ajudou.

 

Por isso e para que o vosso primeiro beijo ou próximos, sejam declarações de IRS consideradas certas após validação central e devidamente bem recompensadas, apresento-vos alguns pontos base a seguir:

 

1- Fechar os olhos se o parceiro não for agradável à vista.

2- Não ter pastilha elástica na boca, a não ser que o parceiro seja adepto de ménage.

3- Se o parceiro for dos faladores, deixá-lo primeiro dar à língua.

4- Se o parceiro for dos tímidos, bom, alguém terá de ser o falador.

5- Se a direcção estiver desalinhada levar a mão à cara do parceiro simulando um cafuné, encaminhado para a direcção certa.

6- Não falar durante o processo. (parece óbvia mas há quem tente...)

7- Terminar sempre com o típico beijo dos correios. Carimbo seco, a sinalizar o fim.

8- Se correr mal, não dizer que a culpa é minha.

 

 

 (imagem)

 

P.A

 

___________

Este foi o 21º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi minha sugestão, vejam o que a Rita  escreveu no blog dela! 
Para a próxima, que sugeres Rita?

Qua | 12.09.18

A Rentrée (seja lá o que isso for) de 2018

P.A

Chegou Setembro e com ele toda uma panóplia do que agora muitos gostam de apelidar de forma gourmet de: rentrée. Por exemplo, agora não se diz regresso ao trabalho dos políticos. Não, agora é a rentrée política. Nem nós voltamos ao trabalho depois das férias. Diz-se rentrée laboral.

 

Por isso quando saírem de casa e voltarem porque se esqueceram das chaves do carro, podem sempre dizer que se atrasaram por causa da vossa rentrée doméstica.

Dá sempre um ar fino, chique.

O portuga gosta.

Tanto que quem também vai para a "chique" nesta rentrée é a Cristina Ferreira.

 

(Pequena pausa para digerirem esta piada Malucos do Riso)

 

Mas vamos falar de uma outra e de uma das rentrée's mais interessantes ao longo da nossa vida: Académica.

 

Se na escola primária as crianças choram por voltar e porque as suas férias grandes acabaram, os pais, exaustos de acompanhar toda aquela energia nas férias, por seu lado, suspiram de alívio.

É a rentrée chata para crianças e Xanax para os pais.

 

No entanto, mais tarde, já no secundário, já são os pais que suspiram pela rentrée para aí poderem estar novamente com os seus filhos, depois dos 37 festivais de verão que lhes ocuparam todas as férias grandes. Para assim, no primeiro dia de aulas, perceberem que o seu filho João já tem barba e que a filha Maria cortou o cabelo. E poder dizer algo tão Cota 2018 como: Já me podiam ter aceite no Instagram, para saber de vocês filhos.

Ahhhh famílias 2018.

 

Depois chega a faculdade. E se antigamente era motivo de orgulho para um pai, um filho ficar colocado na capital, em 2018 já não.

 

Filho: "Pai, consegui! Entrei em Lisboa!"

Pai: "Mas porquê filho??? Que foste tu fazer!! Vou ter de hipotecar a casa para pagar a renda em Lisboa!! Não podias ter concorrido para Santarém?"

 

Na rentrée seguinte...

 

Filho: "Pai, consegui! Fiz as cadeiras todas!"

Pai: "Mas porquê filho? Porquê e que estás a fazer isto à tua família?? Vou ter de hipotecar a tua mãe!! Santarém!!!"

 

Ahhhh famílias 2018.

 

O tempo passa e este filho acaba o curso, provavelmente em Santarém.

Começa a trabalhar, provavelmente em Santarém, conhece uma rapariga, provavelmente scalabitana e casa provavelmente longe de Lisboa.

Tem filhos.

E quando dá por ele, está em Setembro de 2030, esgotado das férias grandes, a grande velocidade, a caminho da escola primária mais próxima, para a primeira rentrée do filho, que chora sem parar.

 

Ahhhh famílias 2030.

 

P.A.

 

 

 

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Este foi o 20º texto da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com a Rita da Nova. A ideia é irmo-nos desafiando uns aos outros através da escrita e escrevermos sobre temas que saem um pouco da nossa zona de conforto ou registo. Mas não só entre nós! Vocês também podem sugerir temas e escreverem também se gostarem das sugestões!

Este tema foi sugestão da Rita, vejam o que ela  escreveu no blog dela! 
Para a semana proponho falar da temática: o meu primeiro beijo, pode ser um texto geral ou uma partilha de memória!