Tudo começou com aquele momento...
Aquele momento que ainda hoje recordo sempre em slow motion na minha cabeça...
O maldito bouquet a sair dos dedos suaves e sem malícia da noiva e a dirigir-se convincentemente para as mãos erradas...
Ainda por mais eu estava mesmo no centro. Naquele lugar em que temos de virar todo o pescoço desde a noiva, que está do lado direito, até ao destino errado, do lado esquerdo.
Mas já lá vamos.
O plano até estava a correr bem. Estávamos, inclusivamente, prontos a ir embora e em segurança.
O que pensava ser o momento final de despedida, afinal.. foi o de viragem...
Assim que oiço a noiva mesmo à minha frente a soltar a seguinte frase:
"Não, não, ainda falta atirar o bouquet! Não podem ir já!"
Pensei: Estou em apuros!
Voltamos à mesa, eu de pestana bem aberta e a fazer contas, ela, normal.
Sentamo-nos. Tenho de fazer qualquer coisa.
Começo a analisar a situação.
Na nossa mesa estavam mais 2 raparigas, ambas mais altas que o alvo a evitar, por isso, perfeitas rivais, ou, se preferirem,"rivais à altura" para a ocasião, pelo que não podia deixar escapar a oportunidade.
Começo então:
"Parece que a noiva vai atirar o bouquet agora."
"Estejam preparadas!"
Resposta A de Alta:
"Eu evito isso ao máximo! Mas gosto de ver daqui!" - acho que não consegui disfarçar a facada e devo ter franzido uma sobrancelha com a dor daquela resposta. Afinal de contas eram cerca de 5% de probabilidade que acabara de perder ali...
Resposta B de Bastante alta:
"Eu também fico aqui a ver, tem muito mais piada!" - Perco as forças na perna esquerda.
A primeira parte do meu plano não tinha corrido nada bem. Mas não ia começar já a colapsar! Não eram as únicas meninas da festa.
10 minutos passaram. Recupero da tentativa falhada e como não conhecia mais ninguém, neste tempo, só tive oportunidade de dizer à noiva:
"Vê lá.. M! Não me desgraces..."
Podem estar a pensar agora, foi esta frase que a fez mesmo apontar ao alvo que eu não queria?
Mas não.
Eu conheço a noiva. Eu até queria que ela apontasse bem!
Acreditem!
Pontaria, só na escolha do noivo!
É anunciado. É oficial.
Começa então o evento.
Estou em pé. Nervoso.
Ainda tento aliciar aquelas duas almas altas, mais uma vez. Em vão. Recebo apenas aqueles sorrisos simpaticamente negativos...
Teria mesmo de continuar sem elas.
Olho em frente e começo a ficar mais calmo. As raparigas foram chegando e sinto-me a relaxar a cada rapariga que se junta. Neste momento, estavam cerca de 15 raparigas prontas. Estou mais relaxado. Confiante.
O grupo é fechado. Temos 20 candidatas. 5% de probabilidades por cabeça.
Começa a musica.
Primeira simulação. Fui enganado claro...
Respiro outra vez.
Segunda simulação. Já não fui tão enganado e não olhei tão rapidamente.
Calma é sempre à terceira. É agora!
Terceira tentativa.
Eis que surge então aquele instante. Aquele segundo em que bouquet deixa de estar em contacto com os dedos na noiva e vai girando no ar. Mesmo estando calmo, fico pregado ao chão, o meu cérebro faz-me ver tudo de forma muito mais lenta, como se se tratasse de uma antevisão de que algo ia acontecer. Algo que nunca mais me iria esquecer.
O bouquet vai no ar..
Começa a cair..
O bouquet cai em cima de algumas raparigas!
É agarrado por 3.
Uma das quais a errada! NÃO!
Das 3, uma desiste logo! Espera...
NÃO! Não foi a que devia!!
Paro o tempo neste instante.
Calculo as probabilidades novamente.
Estava seguro. A rapariga que estava atrás tinha peso extra naqueles pulsos, Darwin garante-me que ela ganha.
Volto a por o tempo a correr.
Em má altura o fiz. O que Darwin e eu não conhecíamos, é que são em momentos como este, que descobrimos a lutadora de Wrestling que temos em casa. A mesma pessoa que vejo diariamente, afável, amiga do próximo, sempre pela paz, transformada numa especialista em pesos pesados! Assisto incrédulo à transformação.
A rapariga de pulsos pesados é devorada pela minha pequena e inofensiva parceira!
Ela apanhou o bouquet!
Desmaio inconscientemente. Apenas o meu corpo ficou ligado.
Acordei.. e tinha um blog...
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P.A.