Super Nanny - a encantadora de crianças da SIC
Estreou na semana passada, na SIC, o novo programa de domingo à noite. E as redes sociais explodiram.
Explodiram ao ponto de que mesmo sem ter assistido, tenha ontem carregado no botão 3 do telecomando para perceber afinal do que se tratava.
Assisti.
O nome poderia ser confundido com um qualquer detergente de loiça, mas na realidade uma gota de Super Nanny não tira gorduras, nem nódoas de chocolate. Pelos vistos, o seu "super" inflama e incomoda muita gente. Mas a fórmula até é bastante honrosa: Educar crianças.
O problema é que na realidade é mais um educa adultos e envergonha crianças. Com usos e abusos de sonoplastia e edição de imagem duvidosa, o programa acaba por expor essencialmente a sua vertente de reality-show e não se foca nos mandamentos da Super Nanny que conduz um Mini. O que nestes tempos em que o bullying anda tanto na moda, a Super Nanny acaba por ser aquela desculpa que todas as crianças aguardam ansiosamente para poder gozar com outra. Antigamente ainda era preciso fazer alguma asneira em público ou ter o azar de arreliar algum bully da turma, agora temos um programa para isso.
Receio por aqueles que vão ser para sempre o rapaz ou a rapariga da Super Nanny desde o teste de português da quarta classe até ao CV que alguém irá ler em 2040 e procurar na internet antes de recrutar.
Mas nem tudo é mau.
Eu por exemplo, por ter nascido nos anos 80, nem um vídeo desfocado meu tenho. Só umas fotos minhas bem comportado. A rir. Ou a urinar na praia.
A rir.
Estas crianças têm câmeras topo de gama a gravar em 4k ou Full HD. Eu também gostava de ter tido. Até porque as poucas memórias que tenho da minha infância de mal comportado em público resumem-se à minha avó a dizer-me ao ouvido: "Em casa falamos...". E um arrepio tomava conta de mim.
E mais tarde, um chinelo.
No fundo, o principal problema deste programa é ser um programa.
Efectivamente a prática de alguns conceitos apresentados faz sentido. E ajuda os pais pelo menos na maioria dos casos. Digo pelo menos, porque nem todas as crianças são iguais. O problema é estarmos a falar de uma câmera a filmar para uma televisão nacional.
A Super Nanny era realmente super se apresentasse apenas conceitos e não vendesse imagens. E este segundo episódio reforça ainda mais esta ideia.
De resto o programa segue o mesmo fio condutor de um outro programa da gama SIC, muito amado por todos. É de facto muito ténue a linha que separa uma encantadora de crianças de um encantador de cães.
A SIC, pelo menos, acha que sim.
(imagem)
P.A