Os Brunches e os Acidentes de Viação
A nova moda de não encher o papo, almoçando, mas sim enfardar, brunchando, parece que veio mesmo para ficar.
Começa a ser mais fácil encontrar brunches domingo à tarde, do que almoços. Eu até gosto, só ainda não aprendi bem como lidar com isto.
Terei almoçado pouco? Ou exagerado no pequeno-almoço?
Terei passado fome? Ou serei um comilão?
O que é certo é que o meu organismo lá se orienta. Vou comendo, embora confuso. Depois o jantar lá endireita a coisa. Não inventem o "linner" ou "dinuch", por favor. Não me retirem a âncora estomacal.
Mas a pior parte nem é tentar justificar ao meu estômago porque motivo lhe estou a dar mais ou menos comida, o problema é maior do que isso. Um brunch, além de ser um brunch é também por norma um buffet. Ora isto eleva o nível da confusão mental para outros patamares.
Se já por si não sabemos o que estamos a fazer, apresentar sushi com cereais ali ao pé, chocapic vizinho de mini empadas ou batatas a murro com granola no separador superior, é algo que deveria ser devidamente explicado às pessoas.
Tudo isto aliado ao espírito muito português do chico espertismo: "Ah é buffet? Então vou comer até rebentar. Comigo não ficam a ganhar dinheiro." É estar mesmo a pedi-las.
É natural portanto que qualquer empratamento que vejamos seja não um almoço, não um lanche, não um brunch, mas sim um acidente de 3 pesados com 6 ligeiros, em que o prato é a curva da morte, sem visibilidade.
Sushi com pastel de nata ao lado, com fiambre por cima, logo encostado ao ovo mexido, sem esquecer a compota de morango, seria mais do que suficiente para ter na hora uma equipa de reportagem da CMTV destacada. Mas não, olhamos para o lado e temos outro acidente, tanta foi a salcicha com chocapic que um outro senhor tirou para o prato.
Reina o caos do empratamento, a desavergonhice, e a Maria vai com todos gastronómica.
Por segurança, algumas pessoas deviam tirar a carta de empratamento antes de "brunchar".
Evitavam-se os "empratacidentes" e as filas.
(imagem)
P.A